Tradutores no Cinema: Lost in Translation (2003)

08/04/2013

Nossa série de posts da categoria Tradutores no Cinema traz filmes que retratam tradutores e intérpretes ou abordam o tema da tradução. Neste post escolhemos um filme que engloba as dificuldades da tradução cultural, da comunicação humana em geral.

Lost in Translation (2003) IMDb
Título BR: Encontros e Desencontros
Direção e Roteiro: Sofia Coppola
Elenco principal: Bill Murray e Scarlett Johansson
Intérprete: Akiko Takeshita

O título já se refere a dificuldade das personagens de compreenderem e de serem compreendidos em um país estrangeiro. O filme foi totalmente rodado em Tóquio, no Japão, com uma alucinação em néon de contrastes, onde tradição, ocidentalização e exageros convivem lado a lado. A milhares de quilômetros longe de casa, nenhum dos dois personagens principais consegue dormir com o fuso horário de 24 horas. Mais do que isso, não encontram suas próprias identidades. O problema, obviamente, não é o Japão. A história poderia ter sido rodada em qualquer outra metrópole. Se, num primeiro momento, o filme parece o retrato fiel de uma cultura local, logo percebemos que Sofia Coppola faz a crônica da impessoalidade de um planeta globalizado.  Há uma análise que explica, pelo viés da psicanálise, essa complexa questão da inerente perda que dá em alguns processos de tradução. Quem já foi a um país em que não se entende nada do que se fala vai se identificar com muitas cenas. Não há legendas das falas em japonês e os expectadores são convidados a sentirem-se exatamente como os personagens, perdidos. Selecionamos aqui uma cena cômica (há várias outras) que exemplifica bem essa questão:


Cena: For Relaxing Times, Make It Suntory Time!
Duração: 00:08:31 a 00:11:58
Contexto: Bob Harris (Bill Murray) é um famoso ator norte-americano dos anos 70 que irá estrelar uma campanha publicitária do uísque japonês Suntory. A cena mostra o momento de gravação do comercial. O diretor (Yukata Tadakoro) tenta passar as instruções através do trabalho de uma intérprete (Akiko Takeshita). A comicidade está no fato de que, para os ouvidos estrangeiros do ator, o diretor se expressa com vigor, pronuncia diversos sons diferentes, aparentemente frases muito longas enquanto a intérprete  traduz todo o falatório através de simples e lacônicas frases em inglês. Ficam as ressalvas quanto à qualidade do trabalho e ao empenho da intérprete em traduzir a totalidade da fala do diretor.

 

Os diálogos em japonês original constam apenas no script original. Então, para dividir esse “momento Suntory” com vocês, disponibilizamos abaixo a tradução completa para o português BR, já legendado:

 

 

????️????️????️ Conhece mais algum filme que retrate o trabalho de tradutores ou intérpretes? Mande pra gente a sua dica. A ideia é deixar a categoria Tradutores no Cinema cada  vez mais completa.

Julia Medrado

Julia Medrado

Tradutora, redatora, publicista e mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, especialista em Gestão de Projetos Digitais. Em 2010 criou a Tradstar.

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