A fina sintonia dos intérpretes

04/05/2011

Publicado na edição 36 da Revista Piauí, o artigo de Dorrit Hazim é leitura obrigatória para quem deseja saber mais sobre os intérpretes. Recheado de anedotas sobre Lula, Kissinger, Gorbachov em seus contatos com intérpretes, o artigo traz uma visão muito interessante dos bastidores da política externa sob o prisma do intérprete.

São abordados desde os assuntos mais conhecidos, como o surgimento da tradução simultânea no Tribunal de Nuremberg até detalhes menos populares, como as particularidades claustrofóbicas e quase insalubres das cabines de tradução simultânea.

Abaixo uma ótima descrição do trabalho do intérprete:

“A beleza do ofício não está na destreza mecânica do intérprete, e sim na sua habilidade em conseguir optar, numa fração de segundos, entre alternativas sintáticas de um idioma para melhor traduzir o que está sendo dito em outro. Sobretudo, ao contrário do que se imagina, a essência do ofício não está no conhecimento puro de duas ou mais línguas, mas no domínio absoluto de uma delas (a língua A ou língua-mãe), e na capacidade de usá-la em toda sua extensão. O talento está em captar as intenções do orador muito além das palavras que ele pronuncia. Intérpretes são comunicadores, são meios de transmissão. Não se trata de traduzir palavra por palavra, mas de transmitir uma mensagem capturada numa língua e reconstruída com fidelidade em outra. Tudo isso em tempo real, sob pressão. Dado que o intérprete simultâneo ouve e fala ao mesmo tempo, ele precisa aprender a ouvir seletivamente, focando mais no sentido daquilo que é dito do que, individualmente, em cada palavra.”

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